Um dos assuntos de grande repercussão das últimas décadas
é sobre questões relacionadas ao meio ambiente. Entre suas diversas
ramificações para discussão, está a de contaminação do ar, na qual ganhou
grandes proporções de estudos e preocupação, após a década de 50. O contexto
histórico envolvido nessa grande preocupação atual surge em Londres nos anos de
1950 após um trágico acidente em que milhares de pessoas morreram devido a sua
alta concentração de poluentes atmosféricos (BÖHM, 1989).
Segundo dados da CETESB – Companhia Ambiental do Estado
de São Paulo – poluente atmosférico é “toda e qualquer forma de matéria ou
energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características
em desacordo com os níveis estabelecidos em legislação, e que tornem ou possam
tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar
público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao
uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade” (CETESB, 2013a).
A cidade de São Paulo é marcada pelo crescimento
desordenado, na qual é uma das características das cidades atuais, onde seu
desenvolvimento é além do previsto pelas autoridades. Dessa maneira, a cidade
teve um alto crescimento industrial após a segunda guerra mundial. Esse
crescimento fez com que as indústrias se instalassem pela Grande São Paulo e
não se preocupassem com sua emissão de poluentes atmosféricos, se tornando um
dos primeiros problemas ambientais da cidade (CETESB, 2013a).
Segundo dados do IBGE (2013) a Região Metropolitana de
São Paulo, possui cerca de 18 milhões de habitantes. Diante de tantos problemas
encontrados em uma megalópole, os ambientais que em determinados pontos não são
tão visíveis, ficam momentaneamente esquecidos, ou não se enquadram entre as
prioridades públicas (GERAQUE, 201-).
Nosso grupo de investigação realizou uma pesquisa, com
uma pequena amostra de pessoas da cidade de São Paulo*, pudemos constatar que somando
as pessoas que disseram serem ruins ou péssimas questões relativas ao meio
ambiente em São Paulo foi de 45,94%, e que outras 45% consideram regular, o que
nos faz concluir que grande parte das pessoas pesquisadas não está satisfeitas
com as questões ambientais da cidade. Nessa mesma pesquisa, 72% dos
entrevistados apontaram que gostariam de modificar a paisagem da cidade,
colocando mais áreas verdes, diminuindo a poluição em geral e diminuindo a
frota de carros.
A maior questão é como solucionar esses problemas?
A
pesquisa também apresenta que as pessoas consideram que as maiores ameaças da
cidade são os carros e posteriormente a falta de conscientização dos seus
habitantes. Sem dúvida os veículos automotores estão no topo dos maiores
percussores de poluição atmosférica na cidade, isso pode ser constatado pelo
relatório anual publicado pela CETESB este ano, referente ao ano de 2012, que é
a empresa responsável por medir a qualidade do ar no estado (CETESB, 2013b). Neste
relatório estão presentes dados referentes à frota veicular da cidade, onde
consta que é composta por 6.728.161 veículos automotores, que é equivalente a
49% da frota do estado. Segundo a mesma fonte, esse alto número de veículos é
responsável pela emissão para atmosfera de “138 mil t/ano de monóxido de carbono,
35 mil t/ano de hidrocarbonetos, 77 mil t/ano de óxidos de nitrogênio, 5 mil
t/ano de material particulado e 9 mil t/ano de óxidos de enxofre. Desses
totais, os veículos são responsáveis por 97% das emissões de CO, 77% de HC, 80%
de NO x , 37% de SO x e 40% de MP” (material particulado).
Quanto vale a nossa saúde? O que estamos fazendo com ela?
Os números apresentados de poluentes liberados por esses
veículos, ainda houve uma queda considerável, pois com ações do PROCOVE
juntamente com políticas nacionais houve uma redução de monóxido de carbono
liberada pelos veículos automotores, e atualmente existe a inspeção veicular
feita pelo CONTROLAR, que verifica a condição desses veículos (GERAQUE, 2013).
A Cetesb separa a qualidade do ar em alguns índices que
apresentam valores máximos de material particulado. A seguir é apresentada essa
divisão.
Conforme nossa pesquisa, o
Parque do Ibirapuera é o mais visitado, onde as pessoas buscam essas áreas
verdes para se sentirem melhores, é como uma espécie de tratamento. No entanto,
uma questão um tanto irônica, é que conforme os dados apresentados pela CETESB,
à estação de coleta do ar do Ibirapuera foi a que apresentou maiores
ultrapassagens do nível aceitável de MP distribuída no ar, contabilizando 78 ultrapassagens
no ano de 2012, sendo 17 dela em estado de atenção.
No mapa a seguir são apresentadas as estações que
obtiveram maiores níveis de ultrapassagem de O3 no ano de 2012,
sendo separadas em estado padrão (inadequada), e de atenção (Má).
São diversos os estudos que
apresentam os prejuízos causados por toda essa poluição, que vão desde
problemas para os seres humanos, animais, vegetação, solo, até aos próprios
cofres públicos, que gasta R$ 31 milhões por ano com internações (ECODEBATE,
2013). Esses problemas ainda são geralmente intensificados no inverno, onde
ocorre uma diminuição na quantidade de chuva, que é um fator meteorológico
importante para a dispersão desses materiais particulados (UOL, 2013; CETESB,
2013b).
Uma pesquisa realizada por Paulo Saldiva – coordenador do
Laboratório de Poluição Atmosférica da FMUSP –, Paulo Afonso de Andrade –
engenheiro do Laboratório de Poluição Atmosférica da FMUSP -, e por Ubiratan de
Paula Santos – médico pneumologista Incor - apresentada no programa Cidades e
Soluções (vídeo 01 e 02), revela que uma pessoa ao chegar à cidade de São
Paulo, em 20 minutos pode dobrar o nível de monóxido de carbono em seu corpo,
além de inalar uma poluição cinco vezes maior do que a recomendada pela OMS
(Organização Mundial da Saúde).
Anualmente morrem cerca de 4 mil pessoas na cidade,
relacionadas a um conjunto de poluentes, ou que se intensificaram devido a
exposição a eles. De fato isso é um imenso problema a saúde pública da cidade,
e que deve ser solucionado emergencialmente, aliás, amenizando todos os tipos
de poluição encontrado na cidade a expectativa de vida pode aumentar em até
dois anos, seria interessante poder viver um pouco mais, não?
A grande questão neste momento é como solucionar esse
problema? Aliás, é algo que afeta diretamente a todos os residentes e
visitantes da cidade. Que políticas públicas podem ser criadas? Que ações podem
ser iniciadas? Como fazer a população se preocupar com isso? Enfim, é um
assunto para grandes debates, aliás, uma cidade é composta por união de
interesses.
Autores: Thais R. Monteiro; Pedro H. B. de Souza
* Resultado da pesquisa realizada com uma amostra da população residente de São Paulo, sobre meio ambiente e qualidade de vida, 2013.
Bibliografia:
CETESB; Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Qualidade do ar 2012 do
Estado de São Paulo, 2013b.
UOL.
Grande SP tem pior qualidade do ar em dez anos, diz Cetesb. Uol Notícias Meio
Ambiente. Abril de 2013. <http://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2013/04/23/grande-sp-tem-pior-qualidade-do-ar-em-dez-anos-diz-cetesb.htm>
Vídeo 01 e 02